segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Economista Eduardo Giannetti alerta lojistas sobre os riscos da acomodação frente ao bom momento brasileiro


Eduardo Giannetti

“Não vou vender ilusões, há tempos de vacas gordas e de vacas magras e não podemos nos acomodar diante do atual e excepcional momento econômico brasileiro. Não se acostumem com 2010”, destacou o guru da economia Eduardo Giannetti durante palestra nessa segunda-feira (27/9) na 51ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, em Florianópolis. Professor do Instituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo, frisou que o maior risco para a vigência deste cenário econômico favorável é a complacência. “Por duas vezes depois da Segunda Guerra Mundial o Brasil viveu situações similares a esta, era a bola da vez, visto como potência emergente. Mas não soubemos aproveitar”, disse o autor de best-sellers como Vícios Privados, Benefícios Públicos? (1993) e As partes & o Todo (1995) –vencedores do prêmio Jabuti.

Para Giannetti a realidade não é permanente e para que seja duradoura é preciso trabalhar e pensar no futuro. Ele explicou que o crescimento de 2010 é um ponto fora da curva e dificilmente estes números se repetirão. “Se quisermos melhorar esse crescimento e não voltarmos a cometer os mesmos erros precisamos trabalhar, pois o nosso limite de velocidade de crescimento é baixo”, disse o professor, que brincou que o papel do economista é muitas vezes jogar um balde de água fria. “Não vamos nos iludir, passamos muito bem por uma crise internacional sem precedentes, mas precisamos continuar investindo e poupando.” Segundo ele, o país conseguiu superar a crise porque contava, na época, com reservas na ordem de US$ 210 bilhões de dólares e tinha realizado ajustes importantes nas contas externas. “Sem falar no dinamismo do nosso mercado doméstico”, reforçou.

PhD em Economia pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), Eduardo Giannetti destacou que o Brasil está na capa das principais revistas financeiras do mundo, mas disse mais uma vez que muito precisa ser feito para que não sejamos empurrados novamente para a beira do abismo. “O nosso ambiente de negócios não permite a prosperidade das empresas. Costumo brincar que se o Bill Gates tivesse começado o seu negócio no Brasil, numa empresa de fundo de quintal, estaria lá até hoje”, salientou. O economista defendeu que sem poupança, investimentos e melhorias no ambiente de negócios e capital humano será complicado manter o mesmo ritmo de crescimento. E deixou mais um recado para os lojistas: “A maré montante vai passar. É preciso fazer com mais eficiência o que já se está fazendo e, acima de tudo, inovar. Precisamos continuar trabalhando com foco no país que queremos construir”, concluiu Ginnetti, eleito em 2004 ‘Economista do Ano’ pela Ordem dos Economistas de São Paulo.

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