segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mortes no Hospital Regional da Transamazônica

“A gente esperava que esse hospital fosse para salvar vidas, mas está servindo para matar muita gente”. A frase é de um agricultor que pediu para não ser identificado. Indignado com a situação de atendimento dentro do Centro de Saúde de Média e Alta Complexidade do Hospital Regional da Transamazônica, em Altamira, no Oeste do Pará, o homem faz o apelo às autoridades da saúde. O usuário diz temer que sua mulher, internada há dois meses no local, não saia com vida.

Hospital regional da Transamazônica

 Os registros de denuncias sobre as negligencias no atendimento têm sido freqüentes. No mês passado o filho do motorista Francisco Aluízio de Freitas denunciou o péssimo atendimento dado ao seu filho. Alexssandro Lima de Freitas, 27 anos, sofreu um acidente na rodovia Transamazônica e teve que ser internado com traumatismo crânio encefálico. O pai tentava com todos seus esforços transferir o rapaz para uma clínica especializada em São Paulo, mas o processo levou 68 dias para acontecer.
Informações da Sespa esclarecem que a demora foi por causa da falta de acordo com o outro Estado para a transferência do paciente. Após o pai, Aloízio apelar para a imprensa, o filho foi transferido.
Outro caso que chamou a atenção foi a morte de um vendedor que capotou o carro na Rodovia Transamazônica e teve que ser levado para o serviço de emergência do hospital. Ao chegar à portaria do HRT a viatura do Corpo de Bombeiros que transportava o paciente foi barrada pelo porteiro. A alegação era de que não havia um encaminhamento. A burocracia para liberar o atendimento do homem levou 15 minutos, período em que morreu.
A falta de atendimento continua. Na sexta-feira 15, a professora Maria Antônia de Nazaré Veigas Leão, 47, teve um princípio de infarto. O marido, que mora em Belém, mas que passava férias em Altamira com a esposa, levou a mulher para o Hospital Regional para ser atendida na emergência. Ao chegarem à portaria foram barrados por falta de encaminhamento. Durante a espera, Maria Antônia morreu. “Minha mulher morreu pela falta de atendimento em um hospital público desse porte. Isso é vergonhoso”, protesta o viúvo.

O último episódio que deixou também a população de Altamira chocada com o descaso ocorreu nesta semana. O policial militar Marcelo Queiróz sofreu um acidente de moto no último sábado. Ele entrou em coma profundo e seu estado era de transferência imediata para a capital. A máquina de Tomografia Computadorizada do Hospital Regional da Transamazônica está quebrada há três meses.
A família de Marcelo entrou em desespero e denunciou o caso a imprensa. Na tarde dessa quarta-feira o governo enviou um avião fretado para remoção do paciente. “Meu marido não merece esse desrespeito. Ele defende a população, arrisca a vida e agora ninguém ajuda ele”, reclama a esposa de Marcelo, Laíse de Sousa Lopes.

A direção do Hospital Regional da Transamazônica não quis comentar as denuncias. De acordo com informações de profissionais que trabalham dentro do HRT muita coisa não funciona mesmo. São citados, inclusive, pacientes que deveriam ser levados à UTI e com vagas disponíveis, acabam parando em outros setores.

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