Lojas dão calote de R$ 5 milhões e donos somem

As duas lojas de compra premiada de Goianésia do Pará, sudeste do Estado, Eletromix e Eletroprêmios, fecharam as portas. Os donos das lojas desapareceram da cidade deixando uma dívida que se aproxima dos R$ 5 milhões, segundo levantamento feito pelos clientes que se dizem enganados pelo consórcio.

Maria dos Anjos Rosa Cabral, dona de um pequeno restaurante na cidade, calcula um prejuízo na ordem de R$ 25.040,00, acumulado durante os quatro anos em que as empresas atuaram na cidade. Além de pagar as parcelas de três motos, a comerciante fornecia almoço e janta para um grupo de, em média, sete pessoas por dia.

Ela conta que no último dia 17 de fevereiro, quando foi até a empresa pagar uma das parcelas da moto, se deparou com a porta da loja fechada. “Foi um susto pra mim. Eu disse: ‘Meu Deus e agora?’”, lembra a comerciante.

Dona Maria, como é conhecida na cidade, é uma das cerca de 500 pessoas que se reúne no auditório da Câmara Municipal de Goianésia praticamente toda semana. Eles lutam para tentar localizar os donos da loja, que estão foragidos da cidade.

RECLAMAÇÕES
O vereador José Edvan Assunção, conhecido como “Tatu”, está reunindo as reclamações das pessoas que se sentem lesadas pelas empresas para tentar na Justiça uma forma de reaver o dinheiro. Para isso, o parlamentar faz um levantamento dos bens dos empresários e pretende acionar a Justiça para que os imóveis sejam vendidos e os valores arrecadados repassados para os clientes das empresas.

Outra forma encontrada pelo vereador é tentar localizar os empresários a qualquer custo. Segundo ele, há informações de que um dos comerciantes está na cidade de Fortaleza (CE) e que possivelmente os outros estejam em alguma cidade do Maranhão.

A empresa Eletromix foi inaugurada em Goianésia em 2007 e tinha como gerente uma pessoa identificada como Carlos de Jesus, que segundo uma ex-funcionária da loja, viajava constantemente e não informava o destino das viagens. Ela disse que o dono se identificava como Alexsandro Lima Machado, também desaparecido.

No interior de uma das lojas, localizada nas margens da Rodovia PA 150, os donos da Eletromix deixaram para trás, contratos de clientes, alguns móveis, comprovante de quitação das prestações e até cheques de clientes que foram devolvidos, além de um globo e bolas que eram usados nos sorteios das motos.

A funcionária, que não quis ter sua identidade revelada, disse à reportagem que a Eletromix já possuiu cerca de mil clientes ativos e que chegava a arrecadar, num único mês, mais de R$ 50 mil e que nos últimos meses o número de clientes caiu cerca de 60%, mas mensalmente a loja arrecadava em torno de R$ 18 mil a R$ 20 mil. (Diário do Pará)