quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cidadania depende dos nossos atos

Você costuma usar do jeitinho para furar filas? Estaciona o carro nas calçadas, mesmo para ir “rapidinho” em um lugar? Para o carro em fila dupla, somente ligando o pisca-alerta? Costuma jogar lixo no chão quando ninguém está vendo? Leva o cachorro pra passear e não junta as fezes do animal da via de circulação? Ser cidadão não é apenas cobrar dos governantes por melhorias na sua cidade, mas também contribuir para a limpeza e o ordenamento de Belém, evitando atos que podem prejudicar outros cidadãos.

O DIÁRIO percorreu algumas ruas de Belém no feriado do Dia de Finados para verificar se os paraenses estão conscientes dos seus deveres ou se estão deixando de cumprir sua parte no ordenamento urbano e na construção da cidadania. A primeira curiosidade surgiu na calçada da Governador José Malcher, próximo à 9 de Janeiro.

Em duas árvores no meio da calçada, as placas pregadas ali revelam a revolta de um morador cansado do abuso de pessoas que passeiam com cães e não tomam providência quando o animal faz suas necessidades na calçada: “Este espaço não é sanitário de cachorros. Não seja cagão como seu cachorro cagão”. Infelizmente, a reportagem não conseguiu encontrar o autor de tamanha revolta.

FILA DUPLA

Por todo o centro, as cenas se repetem: carros e motos estacionados pelas calçadas, desrespeitando o direito de ir e vir da população, obrigando os pedestres a se espremerem para passar ou andando pelo meio da rua. Flagras também próximo do cemitério Santa Izabel, na José Bonifácio. Carros faziam fila dupla e tripla, dificultando o trânsito no local. “Nós convivemos com isso diariamente. São tantos abusos, que nos sentimos desamparados nos nossos direitos”, reclama a estudante Luciana Moraes. Os motoristas não falam sobre o assunto.

Interesse coletivo acima de tudo

Para o sociólogo Romero Ximenes a falta de cidadania de algumas pessoas e o não cumprimento do Código de Posturas, é reflexo das pessoas não entenderem que devem seguir o interesse coletivo. “É uma discussão difícil, pois é complicado fazer a diferenciação de como é que eu me comporto diante do interesse geral e do meu interesse”, explica. “O indivíduo tem que entender que o interesse dele é algo em meio a uma multiplicidade de interesses. Mas isso demanda o entendimento da diferença entre ele e a outra pessoa”.

Ximenes entende que o fato de não considerar o interesse maior em frente ao particular, faz com que os indivíduos achem que sempre estão certos quando são questionados sobre a sua infração. “A pessoa faz as coisas pensando que está certa. O pensamento é: todo mundo faz, eu posso fazer. E quando a pessoa é punida, se julga injustiçada”, exemplifica. “Fila dupla, por exemplo. A pessoa também acha que não tendo estacionamento na frente do colégio, ela tem o direito de estacionar em fila dupla. O governo que dê o jeito de criar uma vaga ali pra ela”.

O sociólogo descreve outra situação corriqueira. “Filas, por exemplo. Ninguém entende a questão da fila como sinal de organização, como em outros países. Aqui as pessoas não admitem ter que enfrentar filas”, compreende.

FALTA MODELO

Para contornar esse tipo de situação, no entendimento dele, é preciso renunciar seu interesse para abarcar o interesse do outro. “Tem que ter uma regra ideal. Falta, no Brasil, um modelo que convença todo mundo. O País não encontrou ainda um modelo de comportamento a ser seguido”, avalia. “E não são só leis rígidas. O cidadão tem que se sentir respeitado para respeitar”. (Diário do Pará)

EXEMPLOS DE FALTA DE CIDADANIA

-Estacionar nas calçadas e debaixo de placas que proíbem estacionar naquele local;

-Subornar ou tentar subornar fiscais de trânsito quando comete alguma infração;

-Ficar falando no celular enquanto dirige;

-Fazer ultrapassagens indevidas ou parar em filas duplas, em frente de escolas e locais de grande movimentação;

-Furar filas em bancos e órgãos públicos;

-Utilizar o estabelecimento comercial para tomar conta das calçadas com mesas, cadeiras, placas e outros;

-Estacionar em faixas exclusivas para pedestres;

-Comprar produtos falsificados;

-Jogar lixo na frente da casa dos outros ou em terrenos abandonados;

-Não juntar as fezes dos animais quando levá-los para passear.

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