segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Proximidades de igarapés se tornarão áreas nobres


Hoje ocupadas por favelas montadas em cima de palafitas, as áreas próximas ao Igarapé Altamira, na zona urbana da cidade, poderão se tornar áreas nobres. O Plano de Requalificação Urbana de Altamira, uma das ações compensatórias previstas para a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, prevê a remoção das palafitas, a completa recuperação do igarapé e das suas margens e a construção de um imenso corredor ecológico com duas grandes avenidas, além de espaço para o lazer.

Os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) da hidrelétrica detectou a existência de cerca de duas mil famílias residindo às margens do Igarapé Altamira. A maioria destas pessoas vive em palafitas, não tem acesso a serviços de saneamento básico e estão abaixo da linha da pobreza. A empresa Norte Energia, concessionária de Belo Monte, terá que remover estas famílias, dando-lhes condições melhores de moradia e de vida, em um bairro que deve ser construído a uma distância de no máximo dois quilômetros das suas casas. O bairro terá que ter saneamento básico, escolas, postos de saúde e outros serviços públicos.

Próximo ao Igarapé Altamira existem áreas disponíveis para loteamento com capacidade para mais de 18 mil unidades.  Estas áreas estão acima da cota 100, máximo a que pode chegar o nível da água após o enchimento do reservatório da usina de Belo Monte no período chuvoso, e vão até a conta 141, próximo à Rodovia Transamazônica.  “São áreas que podem ser destinadas aos moradores da área mais baixa do centro da cidade, aquela situada até a conta 96 e que deverão ser remanejados para acima da conta 100”, sugere Vilmar Soares, coordenador do Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Sócio-Ambiental da Transamazônica e Xingu.

A revitalização dos igarapés Altamira, Ambé e Panelas está prevista nas compensações para a construção de Belo Monte, mas os moradores destas áreas demonstram grande preocupação quanto a forma como serão feitos os trabalhos e ainda não sabem para onde serão levados. Em recente reunião com técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em Altamira, a Associação dos Moradores da Baixada do Tufi informou que não está recebendo as informações sobre estas ações. “O que ficamos sabendo era que apenas os moradores que estão a até 50 metros de distância do igarapé seriam beneficiados”, disse a presidente da entidade.
Mas o EIA/Rima de Belo Monte prevê bem mais que isso. Segundo o estudo, os moradores das margens dos igarapés abaixo da cota 100 terão que ser removidos e terem condições de moradia superiores às que tinham antes da construção do AHE Belo Monte. Um dos programas previstos para atender estas pessoas é o Programa de Negociação e Aquisição de Terras e Benfeitorias na Área Urbana, cujos projetos têm como finalidade dar suporte aos grupos de moradores das áreas de risco dos igarapés Altamira, Ambé e Panelas.

Nas páginas 94 e 161 do Rima de Belo Monte, está escrito que cada morador deve ser alocado em área ou terreno de no mínimo 300 metros quadrados e casa com no mínimo de 60 metros quadrados, em distancia não superior a dois quilômetros do local de origem. Isso porque os técnicos identificaram que os moradores trabalham e estudam em locais próximos, portanto, precisam ser removidos para uma área que não fique muito distante do local de trabalho e estudo. “Se não forem observadas as regras do Rima, o prejuízo é iminente. Estamos defendendo que, dentro do possível, a realização destas ações seja iniciada já no próximo ano”, defende O FORT Xingu.

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