Mais de 500 integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) e assentamentos do Pará estão desde quinta-feira em Belém, acampados na praça do Operário, em São Brás, para relembrar o trágico acontecimento de 17 de abril de 1996, data marcada pelo massacre de 19 trabalhadores rurais na PA-150, em Eldorado dos Carajás.
Castanheiras simbolizam massacre |
Ontem o dia foi de atos ecumênicos para lembrar e refletir sobre os conflitos agrários. “Já fazemos isso há 14 anos e percebemos que nada mudou. Muito pelo contrário, os crimes agrários foram se qualificando. A pressão é muito grande em cima das terras da Amazônia. Os conflitos se multiplicam”, disse Ulisses Manaças, líder do MST em Belém.
O representante garante que o movimento luta para conseguir melhorar a vida dos familiares das vítimas, assim como de quem ficou mutilado pelo massacre. “Apenas 23 famílias recebem pensão do governo estadual, mas queremos incluir 69 pessoas que ficaram mutiladas com a violência dos policiais militares”, ressaltou.
Hoje, às 9h, os acampados seguem em caminhada até a praça da República. A passeata é contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte.
ELDORADO
Evento realizado pelo MST, ontem, em Eldorado dos Carajás encerrou uma semana de manifestos. Novamente, as lideranças ligadas protestaram contra o que chamam de impunidade, tendo em vista que apenas dois comandantes foram condenados pelo massacre, porém recorrem em liberdade da sentença prolatada em dois julgamentos.
19 mortes lembradas com protestos |
Treze anos depois do massacre, nenhum dos 144 policiais envolvidos, segundo os líderes sem-terra, foi julgado, mas apenas dois comandantes foram condenados: o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira.
Ontem, novamente a pista foi bloqueada por alguns minutos, mas sem incidentes. Para o advogado e coordenador da Comissão Pastoral da Terra de Marabá (CPT), José Batista Gonçalves Afonso, o Massacre de Eldorado do Carajás é um marco negativo na história de luta campesina do Pará.
Porém, ele reconhece nos cinco anos seguintes ao episódio que a luta pela terra se acentuou e houve alguns avanços, embora não tenham acontecido da forma como as lideranças sem-terra gostariam. (Diário do Pará, Sucursal de Marabá)
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